Toque Aquela Música: Daniel Jablonski entre imagem, corpo e som - Janaina Torres

São Paulo Brasil

Toque Aquela Música: Daniel Jablonski entre imagem, corpo e som

28 de novembro de 2017 | 12:16

Pode uma música ser utilizada como um dispositivo físico, plástico, narrativo — para além do campo do que convencionalmente chamamos de música?

“Toque Aquela Música” é um evento de arte sonora, no espaço BREU, em São Paulo, cujo ponto de partida é uma performance do artista Daniel Jablonski, que recupera alguns elementos de sua formação musical prévia, para interrogar outros usos possíveis do som.

A tal interrogação respondem ainda os convidados Alexandre Gwaz, Stefanie Egedy, Gustavo Torres e André Damião.

Frutos de investigações muito diversas, suas performances tem em comum, no entanto, o fato de operar nesse limiar da música — entre imagem, corpo e som — sem nunca (ou quase nunca) configurar-se como tal.

Elas respondem, cada uma à sua maneira, como todas as obras da arte sonora, àquela provocação inaugural feita por John Cage no já longínquo ano de 1937:

“Se esta palavra ‘música’ é sagrada e reservada aos instrumentos do século XVIII e XIX, podemos substitui-la por um termo mais significativo: a organização do som”.

Daniel Jablonski e Alexandre Gwaz

Composta apenas por uma bateria e equipamentos de captação de som, a performance inédita de Daniel Jablonski será executada e gravada ao longo de três horas pelo artista e um por operador convidado (Alexandre Gwaz), resultando posteriormente em um disco de cinco faixas contendo também o som do ambiente (eventuais aplausos, conversas do público).

Trata-se, por meio desse dispositivo performático, de recuperar a história da banda de juventude do próprio artista. Esta nada tem ou teve de excepcional; pelo contrário, é o seu caráter absolutamente “comum” que a torna relevante.

Ela reuniu, há exatos dez anos, jovens com pretensões artísticas ainda em formação e terminou como tantas outras bandas: por motivo de brigas e desentendimentos entre amigos. E, neste caso em particular, deixando ainda um contrato por assinar com uma gravadora e composições e arranjos prontos para um segundo CD que nunca foi gravado.

A performance consiste, portanto, na gravação ao vivo de um disco inédito de uma banda “qualquer”, a partir do ponto de vista de um único ex-integrante: o baterista / artista. Mas ela começou muito antes da gravação: pois envolveu todo o processo de re-aprendizado do instrumento pelo artista, sem contato com música há dez anos, unicamente para esta ocasião.

Forçando o corpo de volta ao vigor do passado, a performance busca acenar para o caráter quase mítico da “banda” como esse primeiro lugar de encontros, afetos e trocas entre amigos. Mas também, por um óbvio jogo de ausências, para a turbulenta passagem à vida adulta, muitas vezes sufocando esses impulsos, desejos e iniciativas da juventude.

Toque Aquela Música

BREU
Rua Barra Funda 444, 0115200 São Paulo
02 de dezembro
16h às 21h

Mais sobre Daniel Jablonski

Página do artista (Janaina Torres Galeria)

Site do artista (link externo)

 

 

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