B.L.O.C.O.S ou A obra residual de Marcia Thompson
julho 7, 2017 | Crítica, ensaio, Marcia Thompson
Marcia Thompson, Sem título, Folha de prata, bloco de papel e pregos, 30 x 500 cm
Por Saulo di Tarso *
As artes visuais têm atravessado, no Brasil, um dos seus maiores períodos de silêncio. Em parte, porque artistas e curadores brasileiros das gerações recentes se educaram pelo maneirismo de serem aceitos na cena internacional e, com isso, um corredor de mimeses foi criado na direção da arte conceitual e do minimalismo.
E, em parte, porque a crítica ou anula artistas brasileiros que imitam artistas mais conhecidos do circuito mundial ou, igualmente, um grupo de artistas segue tendências do mercado internacional e, portanto, perde a capacidade de estabelecer um caminho teórico suficiente para potencializar o que alguns artistas brasileiros como Hélio Oiticica, Lygia Clark, os irmãos Campos, Luiz Sacilotto e mais recentemente Cildo Meireles e Adriana Varejão vêm criando na arte brasileira: inserção na arte internacional por relevância de acréscimo no desenvolvimento crucial da arte como linguagem.
O trabalho de Marcia Thompson é um caso de sutileza dentro de muitas questões que passam despercebidas ou são pouco discutidas no horizonte da pintura atual. O que ela faz não é concreto, minimalista, gráfico, escultórico, pictórico e tampouco objetual ou desmaterial (que, como corrente da morte da pintura, valida o Conceitualismo pelo esgotamento da pintura).