Paisagens desconstruídas de Renata Pelegrini na Janaina Torres Galeria

São Paulo Brasil

Paisagens desconstruídas de Renata Pelegrini, na Janaina Torres Galeria

9 de março de 2018 | 20:03

Renata Pelegrini, Sem título, 2016, Acrílica sobre tela, 120 x 100 cm

A partir do dia 5 de abril, o público poderá conferir de perto a produção recente da pintora na exposição que leva seu nome, realizada pela Janaina Torres Galeria. Com curadoria de Marcelo Salles, a mostra reúne 15 obras da artista – pinturas e desenhos sobre tela, papel e linho. Os trabalhos trazem uma releitura não fidedigna de paisagens e vistas interiores, recriadas a sua maneira, ocupando o hiato que existe entre a representação e a abstração.

As pinturas e desenhos de expressividade visceral da artista Renata Pelegrini apresentam a seu espectador paisagens singulares, paradoxalmente únicas e múltiplas em um mesmo tempo. Marcados por movimentos rápidos e precisos, seus trabalhos destoam da percepção comum que se tem do espaço.

Veja as obras de Renata Pelegrini aqui.

“Nas telas e desenhos de Renata Pelegrini, os espaços que os originaram pouco importam. É a dimensão do que não é visível, captada pela artista, que os transforma em nenhum espaço e, por isso mesmo, levam o espectador a todo e qualquer lugar. É preciso que eles [os espaços] se reconstruam novamente em quem os vê”, afirma Salles

Renata Pelegrini, Sem título, 2015, Acrílica sobre tela, 120 x 100 cm

Os ambientes de Renata se aproximam das cidades inverossímeis descritas por Ítalo Calvino em seu livro Cidades Invisíveis. São lugares construídos por experiências diversas, dotados de ‘espírito’ e intimamente conectados a uma memória pessoal comum.

O preto é onipresente em sua obra. Não raro, surge como linha que estrutura os ambientes e ainda como cor. Da sombra, irrompe a luz. Tal como um imã, o negro atrai a atenção do espectador, que é levado a percorrer com os olhos a superfície da tela, muitas vezes impregnada por massas abstratas de cores tão marcantes quanto.

Renata aproximou-se da pintura por meio da caligrafia. O interesse pela técnica a levou a frequentar cursos pelo mundo e, por conseguinte, possibilitou a expansão de suas práticas. Tal histórico se faz presente em seus trabalhos atuais, onde a execução pictórica é subordinada ao ordenamento formal típico da arte de escrever à mão. Sua particular abordagem, entretanto, atribui um frescor contemporâneo às obras.

Renata Pelegrini, Sem título, 2016, Carvão, giz, grafite, pastel, acrílica sobre papel, 37 x 30 cm

Várias de suas obras, inclusive, são rasgadas por finos traços, muitas vezes quase imperceptíveis. A discreta presença dessas linhas, entretanto, é proporcionalmente contrária ao protagonismo que adquirem na cena. São elas o norte da composição: sorrateiramente, conduzem a fruição do trabalho pelo espectador, propondo-lhe novas direções e desestabilizando o reconhecimento instantâneo do que seria uma imagem do real.

“A potência destes trabalhos não vem da pincelada vigorosa, do traço assertivo, da incisão mínima e certeira, da visceralidade do negro ou de aspectos matéricos; é pela possibilidade ao pensamento de quem vê que a potência surge”, pontua o curador.

Renata Pelegrini, Sem título, 2014, Carvão, giz, grafite, pastel, sanguínea sobre papel

Renata Pelegrini

Nasceu em 1967, em São Paulo, onde vive e trabalha. Graduada em Artes Plásticas, Letras e Educação. Residiu em nos Estados Unidos, Itália e na Suíça, onde expandiu sua experiência com caligrafia. Desde 2011 é orientada por Paulo Pasta, estudou com Rodrigo Naves e integra a Escola Entrópica, com orientação de Galciane Neves.

Em 2016, realizou sua primeira individual na Casa Contemporânea, em São Paulo. Entre as mostras coletivas que integrou, estão o 9º Salão dos Artistas Sem Galeria (2018); o 24º Salão de Artes Plásticas de Praia Grande (2017); o 49 º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba (2017); o Primeiro Programa de exposições do Museu de Arte de Ribeirão Preto Manuel Gismondi – MARP (2016); e o 14º Salão de Artes Visuais de Guarulhos (2015); e Criatividade Panamericana, do Museu Brasileiro de Escultura (2010). Em junho de 2018, participa ainda da Hangar, residência de investigação artística internacional, sediada em Lisboa, Portugal e da Coletiva na Biblioteca Mario de Andrade com o Grupo Pigmento.

Individual de Renata Pelegrini, com curadoria de Marcelo Salles
Local: Janaina Torres Galeria
Endereço: Rua Joaquim Antunes 177, sala 11
Abertura: 5 de abril, quinta-feira, das 19h às 22h
Período expositivo: de 6 de abril a 25 de maio
Conversa com o público: 10 de abril, das 19h às 22h
Horário de Funcionamento: seg a sex – das 10h às 19h e sábados – das 11h às 15h
Entrada gratuita

Links Externos

Renata Pelegrini – site da artista
@re_pelegrini (Instagram)
A nova paisagem nas telas de Renata Pelegrini – Cultura – Estadão

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